Pesquisa teve foco no Semiárido para alimentação de caprinos e ovinos
Depois de três anos de pesquisa, a Embrapa Caprino e Ovinos (CE) apontou que a cultivar comercial de feijão-guandu Super N é a mais indicada para a alimentação de caprinos, ovinos e até bovinos no Semiárido do país. Nos testes, a produtividade média de matéria seca de forragem ficou acima de 6,2 mil quilos por hectare (kg/ha).
A pesquisa foi realizada a campo em áreas experimentais de parceiros da Embrapa em três locais diferentes: Sobral (CE), Boa Viagem (CE) e Sumé (PB). Os três apresentam clima semiárido quente, com período chuvoso de fevereiro a junho, com pluviosidade média variando entre 400 e 800 mm.
Foram estudadas quatro cultivares comerciais (já disponíveis no mercado) e 17 genótipos experimentais elites (materiais com potencial para se tornarem cultivares comerciais). Os pesquisadores avaliaram três principais características: dias de florescimento, altura da planta e estimativa da produtividade de grãos. O intuito foi identificar os genótipos mais estáveis frente às mudanças do ambiente.
A Super N teve produtividade 16% superior à segunda colocada, a Iapar 43.
História
Conforme o pesquisador da Embrapa que liderou o trabalho, Fernando Guedes, o melhoramento genético do feijão-guandu iniciou-se ainda na década de 1970 pelo Instituto Agronômico de Campina (IAC), Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Pecuária Sudeste (SP) e Embrapa Semiárido (PE), além de algumas empresas privadas, que desenvolveram plantas para fornecimento de grãos, forragem e adubo verde. No entanto, as condições ambientais dessas regiões são diferentes das encontradas no Semiárido brasileiro.
“No Sudeste, o guandu começou a ser usado para rotação de culturas, tanto com o amendoim quanto com a cana-de-açúcar. Ele entrava na entressafra para melhorar o solo, em áreas para produção de grãos para consumo humano. O guandu também está muito presente nos quintais das residências por sua característica quase perene, produzindo por até quatro anos, sem necessidade de replantio”, conta Guedes, em nota.
O professor da UFCG Ranoel Gonçalves acompanhou o trabalho do experimento em Sumé, na Paraíba. Ele considera importante para o produtor de caprinos e ovinos a recomendação de uma cultivar de feijão-guandu adaptada às condições do Semiárido. “Algumas cultivares foram desenvolvidas para outras regiões e, com esse programa de pesquisa, teremos genótipos de fato adaptados porque as etapas do melhoramento genético foram realizadas na região foco. Ao fim do programa, pretendemos ter várias cultivares de guandu que atendam às necessidades reais dos produtores de caprinos e ovinos do Semiárido”, afirmou.
Características
O feijão-guandu, também conhecido como andu, é uma leguminosa nativa da África que se adaptou bem ao solo e clima brasileiros. A planta é cultivada em diversas regiões do Brasil, com destaque para os estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia e Piauí.

Pode ser usado tanto para consumo humano quanto na alimentação dos rebanhos de caprinos, ovinos, bovinos e aves, fornecendo proteína e energia aos animais. A planta inteira também pode servir de forragem para o gado.
Segundo a Embrapa, o guandu é um arbusto que pode atingir até 4 metros de altura, com raízes profundas e ramificadas que fixam nitrogênio no solo, enriquecendo-o para outros cultivos. Seus grãos são ricos em proteínas, fibras, vitaminas e minerais. Na alimentação dos ruminantes, incrementa a qualidade proteica, que geralmente é suprida com o uso de farelos de soja e milho, que possuem custo mais elevado.
Segunda entidade, o guandu pode ser inserido na alimentação dos animais como feno. Mas, nesse caso, é preciso cortar e colocar um dia e meio no sol. Para oferecer como silagem, o feijão-guandu precisa ser misturado com outras culturas anuais para conseguir um equilíbrio, uma vez que é uma leguminosa que possui alto índice de proteína.
Fonte: Globo Rural

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